TESA: Aspiração percutânea de espermatozóides do testículo

TESA é o acrônimo do termo “Testicular Sperm Aspiration”. O método, reportado pela primeira vez por Lewin e colaboradores, é indicado para extrair espermatozoides de homens inférteis portadores de azoospermia, seja esta de origem obstrutiva ou não obstrutiva. Também é utilizado para a extração de espermatozoides nos casos de anejaculação, principalmente após falha na obtenção de gametas pela vibroestimulação peniana ou eletroejaculação. Recentemente, a TESA tem sido empregada na extração de espermatozoides testiculares nos homens cujo ejaculado apresenta taxas anormalmente elevadas de espermatozoides com fragmentação da cromatina, visto que, de forma geral, tais taxas são cerca de três vezes menores no testículo, em comparação ao epidídimo e ejaculado.

O princípio e a eficiência da TESA baseiam-se na existência de espermatogênese ativa. O objetivo é aspirar parênquima testicular com agulha, por via percutânea. A TESA é considerada um método pouco invasivo, geralmente realizado em caráter ambulatorial com bloqueio locoregional no cordão espermático e/ou anestesia endovenosa. O testículo é estabilizado com uma das mãos. Geralmente utiliza-se uma agulha de 18G (40x12 mm) acoplada a uma seringa de 20 mL, que pode ser conectada à pistola de Cameco. A agulha é inserida no testículo através da pele, na face anteromedial ou anterolateral do polo superior do testículo, em um ângulo oblíquo em direção ao polo médio e inferior. Esta região é relativamente desprovida de ramos maiores da artéria testicular, que se ramifica ao entrar no testículo e se distribui superficialmente logo abaixo da túnica albugínea. Aplica-se, então, pressão negativa, ao mesmo tempo em que a agulha é movimentada em diferentes direções no interior do testículo, em movimentos de “vai e vem”, até a observação da entrada de parênquima testicular na seringa. A agulha é cuidadosamente retirada do testículo, mantendo-se a pressão negativa na seringa. O fragmento de parênquima testicular é depositado num frasco contendo meio de cultura, aquecido e tamponado, e o conjunto é enviado para análise. No laboratório, procede-se a dispersão mecânica dos túbulos seminíferos, com o objetivo de liberar seu conteúdo celular e, em seguida, realiza-se a observação da suspensão sob microscopia óptica, para confirmar a presença de espermatozoides. Caso o material seja insatisfatório, realiza-se TESA no testículo contralateral no mesmo tempo cirúrgico.

A eficiência da TESA na recuperação de espermatozoides de homens com azoospermia obstrutiva é de cerca de 100%. Entretanto, o método é pouco eficiente nos casos de azoospermia não obstrutiva, cuja taxa de sucesso varia entre 10 e 30%. Vale ressaltar que nos casos favoráveis de azoospermia não obstrutiva (ex. histologia testicular indicando hipoespermatogênese ou TESA prévia com sucesso), as chances de sucesso ultrapassam 70%.

As vantagens da TESA sobre a abordagem aberta (TESE — Testicular Sperm Extraction) são: I. Rapidez e facilidade de execução; II. Menor custo para o paciente; iii. Rápida recuperação pós-operatória. Entretanto, a TESA é menos efi- ciente que a TESE nos casos de azoospermia não obstrutiva e existe maior risco de sangramento intratesticular. Além disso, não permite a coleta de material para exame histoló-gico nos casos de azoospermia não obstrutiva.

Em resumo, a TESA é um método percutâneo utilizado para a extração de espermatozoides testiculares de homens inférteis. O procedimento alia simplicidade, rapidez e baixo custo, porém sua eficiência depende do tipo de azoospermia.

BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA:

1. Lewin A, Weiss DB, Friedler S, Ben-Shachar I, Porat-Katz A, Meirow D, et al. Delivery following intracytoplasmic injection of mature sperm cells recovered by testicular fine needle aspiration in a case of hypergonadotropic azoospermia due to maturation arrest. Hum Reprod. 1996;11(4):769-71.
2. Esteves SC, Agarwal A. Sperm retrieval techniques. In: Gardner DK, Risk BRMB, Falcone T (eds.). Human Assisted Reproductive Technology: Future Trends in Laboratory and Clinical Practice. 1ª ed., New York: Cambridge University Press; 2011,p. 41-53.
3. Esteves SC, Zylbersztejn DS. Técnicas de obtenção de espermatozóides no homem azoospérmico. In: Nardi AC, Nardozza Jr A, Bezerra CA, Fonseca CEC, Truzzi JC, Rios LAS et al. Urologia Brasil. 1ed., São Paulo: Planmark, 2013,pp. 241-52.
4. Turek PJ, Ljung BM, Cha I, Conaghan J. Diagnostic findings from testis fine needle aspiration mapping in obstructed and nonobstructed azoospermic men. J Urol. 2000; 163:1709-16.

Atualizado em Setembro 2019

Responsável: Dr Sandro Esteves