Taxas de Sucesso
Os resultados da reversão de vasectomia dependem de vários fatores. Um deles é o intervalo entre a vasectomia e a reversão. Se a reversão for realizada até 3 anos após a vasectomia, 98% dos indivíduos irão apresentar espermatozoides de volta à ejaculação (patência cirúrgica) e 75% irão engravidar suas esposas; no intervalo de 3 a 8 anos, 88% de patência cirúrgica e 55% de gravidez; de 9 a 14 anos, 79% de patência e 45% de gravidez e, finalmente, acima de 14 anos de obstrução, 71% de patência e 31% de gravidez. Portanto, quanto menor o intervalo entre a vasectomia e a reversão, melhores serão os resultados. Mesmo assim, é importante saber que é possível ter sucesso nos casos de vasectomias realizadas há mais de 14 anos.
Outro fator que influi nos resultados refere-se ao local onde a anastomose (recomunicação) é realizada. Na reversão de vasectomia, a recomunicação pode ser realizada no mesmo local da vasectomia (entre as duas extremidades do canal deferente), ou entre o canal deferente e o epidídimo, que como você já sabe é o local de armazenamento dos espermatozoides. Quando a anastomose é realizada entre os canais deferentes, a cirurgia torna-se mais fácil, pois o calibre do canal é maior, e os resultados são melhores. Esta cirurgia chama-se vaso-vasostomia.
Entretanto, quanto maior o tempo que o indivíduo permanece vasectomizado, maior a chance de ocorrer obstruções ao nível do epidídimo. A chance de se encontrar obstrução em qualquer ponto do epidídimo é de 20% quando o intervalo entre a vasectomia e a reversão varia de 9 a 14 anos, e de 27% após 15 anos de obstrução. Nestes casos, é necessário a realização da anastomose entre o canal deferente e o epidídimo. Esta cirurgia chama-se vaso-epididimostomia, e é muito mais difícil do que a recomunicação entre os canais deferentes, pois o calibre dos tubos do epidídimo é muito menor.
Pelo fato das taxas de sucesso da vaso-epididimostomia serem inferiores àquelas da vaso-vasostomia (vide tabela com os resultados da vaso-epididimostomia), nós oferecemos a possibilidade da criopreservação (congelamento) dos espermatozoides aspirados do epidídimo durante a cirurgia. No caso de falha da vaso-epididimostomia, que pode ocorrer em até 50% das vezes, é possível realizar a fertilização “in vitro” (ICSI) a partir dos espermatozoides criopreservados, sem ter que submeter o paciente a um novo procedimento para obter espermatozoides do epidídimo.
autor(es) | ano | no. pacientes | patência (%) | gravidez (%) |
Fogdestam, Fall, Nilsson |
1986
|
41
|
85
|
37
|
Silber |
1987
|
139
|
78
|
56
|
Fuchs |
1991
|
39
|
60
|
36
|
Schlegel & Goldstein |
1993
|
107
|
70
|
31
|
Thomas |
1993
|
153
|
76
|
42
|
Matsuda |
1994
|
26
|
81
|
42
|
Esteves (ANDROFERT) |
1999
|
29
|
71
|
45
|
Ultimamente, nós temos realizado uma técnica de reversão de vasectomia, chamada técnica de triangulação . Esta técnica é particularmente indicada nos casos mais difíceis e quando o intervalo entre a vasectomia e a reversão é maior que 9 anos. A técnica de triangulação possibilita a recomunicação entre o canal deferente e o epidídimo de maneira mais rápida, simples e eficaz.