O controle da poluição do ar no laboratório de fertilização in vitro e áreas adjacentes melhora as taxas de formação de embriões, clivagem e de gravidez e diminui a taxa de aborto: comparação entre salas limpas classe 100 (ISO 5) e classe 1.000 (ISO
O controle da poluição do ar no laboratório de fertilização in vitro e áreas adjacentes melhora as taxas de formação de embriões, clivagem e de gravidez e diminui a taxa de aborto: comparação entre salas limpas classe 100 (ISO 5) e classe 1.000 (ISO 6) para micromanipulação de gametas e cultura de embriões.
Alecsandra do Prado Gomes, Sidney Verza Junior, Sandro Esteves
Objetivo: Unidades de filtração foram instaladas para reduzir concentrações de componentes orgânicos voláteis (COV), contaminantes químicos e partículas no laboratório de fertilização in vitro e áreas adjacentes. Avaliou-se o impacto do nível de controle de qualidade do ar sobre as taxas de fertilização, clivagem, formação de embriões de boa qualidade, gravidez e aborto.
Materiais e método: Estudou-se 468 ciclos de ICSI entre abril/2000 a dezembro/2003. Os ciclos foram divididos de acordo com o local onde foram realizados: laboratório de FIV classe 1.000 (ISO 6; n=220) ou classe100 (ISO 5; n=248). O laboratório classe 1.000 estava equipado com pressão positiva e filtro terminal HEPA, além de unidade de descontaminação para particulados e COV (CODA Tower, GenX, USA). No laboratório Classe 100, uma central de tratamento de ar constituída por um sistema de pressão positiva, filtros terminais HEPA e filtros de carvão ativado impregnados com permanganato de potássio (Veco, Brasil), foi utilizada para filtrar e remover particulados e COV tanto do laboratório de FIV quanto das áreas adjacentes: centro cirúrgico (classe 1.000), vestiário e sala de transferência de embriões (classe 10.000).
Em ambos os laboratórios, filtros HEPA com carvão ativado foram instalados entre o sistema de abastecimento de CO 2 e as incubadoras. Indução da ovulação, técnicas de cultura e de transferência de embriões foram idênticas em ambos os grupos. Os parâmetros analisados, fertilização normal e taxas de clivagem, % de embriões de boa qualidade, gravidez clínica e taxas de aborto, foram comparados pelos testes de Mann Whitney e Chi-quadrado, com nível de significância de 5%.
Resultados: Os resultados estão expressos na Tabela 1. (tabela classe 100.xls). Idade feminina, número de oócitos recuperados por ciclo e n ° de embriões transferidos não foram estatisticamente significantes entre os grupos.
Tabela 1: Estatística descritiva e comparativa entre as taxas de fertilização, clivagem, qualidade embrionária, gravidez e abortamento de acordo a classificação dos laboratórios. | |||
Classe 1.000 (IS0 6) N=220 | Classe 100 (IS0 5) N=248 | Valor P | |
Taxa fertilização 2PN (%) | 70,0 ± 25,5 | 71,4 ± 22,1 | NS |
Taxa Clivagem (%) | 84,6 ± 28,4 | 94,7 ± 15,0 | < 0,001 |
Embriões de boa qualidade no dia 3 (%) | 35,3 ± 30,0 | 51,1 ± 32,1 | < 0,001 |
Embriões transferidos (n) | 3,4 | 3,3 | NS |
Taxa de gravidez clínica (%) | 32,7 | 43,1 | 0,02 |
Taxa de aborto (%) | 25 | 14 | 0,01 |
NS= não-significante |
Conclusão: A construção de uma sala limpa classe 100 (ISO 5) para a micromanipulação dos gametas e cultura de embriões, e o tratamento do ar das áreas onde se realizam fases críticas do processo, como a captação oocitária e transferência de embriões, aumentaram significativamente a qualidade embrionária, as taxas de clivagem e gravidez, e diminuíram a taxa de abortamento espontâneo, em comparação com o tratamento do ar apenas do laboratório de FIV num sistema de menor eficiência. Os resultados obtidos permitem-nos concluir que quanto maior o nível de controle da poluição ambiental no laboratório de FIV e áreas adjacentes, melhor a eficiência do processo.