Microdissecção testicular na azoospermia não-obstrutiva. Int Braz J Urol, vol 29, Suppl. Special, pág. 14, September-October 2003.

Microdissecção testicular na azoospermia não-obstrutiva

Esteves, SC, Verza Jr, S, Guidi, AR.

Androfert – Centro de Referência em Infertilidade Masculina – Campinas – SP

Introdução e objetivos: A microdissecção testicular é um procedimento recente desenvolvido por Schlegel (1999), que tem por objetivo a localização, com o auxílio do microscópio cirúrgico, de túbulos seminíferos dilatados que apresentam espermatogênese ativa, aumentando-se assim a chance de se encontrar espermatozóides nos homens com azoospermia não-obstrutiva (ANO). O objetivo deste estudo foi avaliar os resultados da microdissecção testicular nos homens com ANO que haviam sido submetidos anteriormente a biópsia testicular (TESE) e punção aspirativa (TESA).

Materiais e método: Foram avaliados 08 indivíduos submetidos a microdissecção testicular, no período de Janeiro/02 a Abril/03, com histórico de ANO e que haviam sofrido previamente TESA/TESE, comparando-se os resultados em ambos os procedimentos e os efeitos na ICSI (intracitoplasmic sperm injection – injeção intracitoplasmática do espermatozóide).

Resultados: 5/8 dos casos de microdissecção testicular foram encontrados espermatozóides, comparados a 3/8 nos procedimentos de TESA/TESE. Em 7 indivíduos houve pesquisa prévia de microdeleção do cromossomo Y, sendo 6 negativos e 1 positivo, com microdeleção da região AZFc, porém com presença de espermatozóides após a microdissecção testicular. Na ICSI, as taxas de fertilização 2PN e clivagem foram de 49,3% ( ± 19,7) e 100%, respectivamente, com espermatozóides obtidos por microdissecção testicular, comparados a 44,2% ( ± 24,5) e 85% ( ± 33,5), com espermatozóides de TESA/TESE. Nos casos onde não foram obtidas gravidezes inicialmente com espermatozóides aspirados do testículo e sofreram microdissecção testicular posteriormente (n=6), foram obtidas 4 gravidezes (66%).

Conclusão: A microdissecção testicular mostra-se um procedimento eficiente, aumentando a chance de encontrar-se espermatozóides viáveis para a utilização nos programas de fertilização in vitro com micromanipulaçao de gametas (ICSI), além de ser menos invasiva que as demais técnicas, mostrando-se promissora no tratamento das azoospermias não-obstrutivas.